Maratona de julho de 2021, estava eu na praia da Barra da Tijuca, determinado a distribuir muitos livros. Naquele dia eu havia saído mais cedo do que todos os devotos e pensava comigo: hoje terei que me esforçar muito para alcançar os Prabhus Mahananda e Vinaya, já que eles haviam distribuído muitos livros
durante as primeiras semanas e já estavam despontando nos primeiros lugares do ranking.

Logo depois da primeira hora distribuindo livros, veio a necessidade de urinar. Fui em direção ao quiosque mais próximo e lá pedi permissão à atendente para usar o banheiro. Quando estava na porta do banheiro, pronto para entrar, fui barrado por
um garçom do bar. Ele me perguntou se eu era cliente e que, se não fosse, não
poderia usar o banheiro. Eu expliquei que a moça do caixa já havia me autorizado
a usar o banheiro.

Então ele me olhou com uma cara de desconfiado, mas acabou me liberando. Logo que entrei percebi um barulho na porta, mas não me importei muito. Ao tentar sair do banheiro percebi que a porta estava trancada por fora! Na mesma hora lembrei do garçom: “ele deve ter pensado que eu menti para ele e de alguma forma tentou me sacanear”, ou foi um arranjo de Maya para testar minha paciência. Naquele momento eu já estava na mental, perguntando: “por que, Krishna, isso está acontecendo?

Subi em cima do vaso para tentar alcançar um basculante muito pequeno que havia no topo do banheiro e, ao colocar a minha mão para me apoiar no basculante, acabei quebrando a grade! Nesse momento, comecei a gritar para todas as pessoas que passavam ao redor do banheiro. Mas, como havia um som insuportavelmente alto, ninguém conseguia ouvir.

Depois de alguns minutos, o garçom, com quem havia falado, passou misteriosamente, olhando para o banheiro. Nesse momento gritei mais alto e
então ele veio em direção ao banheiro e abriu a porta. Acabamos discutindo
um pouco, pois perdi completamente a cabeça. Tudo estava muito estranho e,
obviamente, tinha sido um arranjo de Maya para me deixar na mental. Voltei para a areia com a mente pesada, tentando abordar as pessoas de maneira descontraída mas, inevitavelmente, não conseguia esquecer o quanto já havia me estressado no começo do sankirtana.

No fim do dia decidi deixar a Barra da Tijuca e pegar um ônibus para Lapa. Nesse momento, a orla da praia já estava deserta. Estava no ponto de ônibus, cantando japa, quando avistei um andarilho se aproximando. Ele carregava um carrinho de mercado cheio de entulhos e já de longe ele vinha falando “Hare Krishna”.

Ele se aproximou amigavelmente até cerca de um metro de distância. Mas,
de repente, como quando uma cobra dá um bote, ele me agarrou pelo manto
e começou a me chacoalhar, gritando: “volte para o seu país e devolva meu
dinheiro, você é um ladrão! volte para o seu país e devolva o meu dinheiro!”
Enquanto falava isso ele agarrava a minha bolsa de sankirtana e com as
mãos tentava tirá-la de mim. Eu me desvencilhei empurrando ele para longe,
então avisei que iria bater nele e isso deixou-o mais furioso. Ele começou a me
perseguir desesperadamente, e eu comecei a correr desesperadamente! Quando
ele me alcançou eu acabei pedindo desculpas e ele desistiu de brigar. Por mais
que ele tivesse começado a briga, foi necessário que eu pedisse desculpas para
que essa briga acabasse.

Ao embarcar no ônibus, comecei a meditar no Senhor Nityananda. Em como ele foi tolerante com Jagai e Madai. Isso me deu forças para seguir o sankirtana com mais determinação. Ao final daquele dia, Krishna me deu uma misericórdia especial de distribuir 109 livros grandes e um Bhagavad-Gita. A parte mais transcendental de toda essa história é que no domingo, depois do fim da maratona, todos os sankirtaneiros saíram para distribuir o Hare Krishna Maha Mantra na orla da praia Barra da Tijuca. Enquanto passávamos cantando e dançando, encontramos esse mesmo mendigo que me purificou no Sankirtana. De longe, ao ouvir os santos nomes, ele começou a cantar e dançar! Dançando ao redor dele, pude perceber ainda mais a misericórdia do movimento do Senhor Chaitanya, que veio para destruir a consciência demoníaca da era de Kali yuga!

Sankirtana Yajna Ki! Jay!

Srila Prabhupada Ki! Jay!

Seu servo, bk Rafael.

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