Krishna Chandra Dasa nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, no ano de 1992, em uma família de devotos. Aos quinze anos, começou a se dedicar seriamente à vida espiritual e participou de algumas maratonas de sankirtana antes de se mudar para a Índia, aos dezoito anos, onde frequentou o Gurukula de Mayapur. Se graduou no Gurukula em 2018 e recebeu a cerimônia de nomeação snataka (banhado em conhecimento). Atualmente, mora em São Joaquim de Bicas, Minas Gerais, e tem como ocupação principal a distribuição de livros.

Carta de Sankirtana: Qual a importância de se distribuir livros?

Krishna Chandra Dasa: Na minha humilde opinião, Srila Prabhupada é a misericórdia máxima do Senhor Chaitanya para a sociedade em geral. Srila Prabhupada manifestou essa misericórdia através de seus livros. As palavras de Srila Prahupada são tão potentes que são capazes de elevar a mentalidade e consciência animal de uma pessoa à consciência divina, ou consciência de Krishna.

Já ouvi dizer que um seguidor de Ramanuja Acharya disse que o que o Acharya escreveu em um livro, Srila Prabhupada o fez em um parágrafo. As qualidades transcendentais de Srila Prabhupada são incomparáveis e indescritíveis. É uma bênção extraordinária poder distribuir ou receber tais livros!

Mas tão importante quanto distribuir os livros é estudá-los. É praticamente impossível permanecer na consciência de Krishna sem estudar os livros de Srila Prabhupada, e mesmo se permanecermos nessa prática, será muito fraca sem a devida compreensão espiritual.

Carta de Sankirtana: Quando começou a distribuir livros?

Krishna Chandra Dasa: Aos quinze anos, quando comecei a cultivar a vida espiritual mais seriamente, meu pai (Bali Maharaj Dasa), conhecendo a importância de distribuir livros, me incentivou a participar da maratona de sankirtana com Chandramukha Swami em 2007. Foi uma experiência incrível para mim, e, desde então, tomei gosto e tive inúmeras realizações distribuindo livros. Outras atividades não me davam tanto prazer quanto distribuir livros.

Embora seja uma atividade muito austera, é muito dinâmica e nos traz muitas realizações. No sankirtana, nós somos “obrigados” a pensar em Krishna, cantar o santo nome em uma condição desamparada e temos que nos render. Hoje em dia, quase ninguém se interessa por livros, o que dizer de livros “religiosos”? Realmente não temos condição nenhuma de distribuir tais livros. É só pela graça de Krishna e do mestre espiritual que somos capazes.

Mas o mais importante não é quando comecei, mas que, pela graça dos devotos, eu nunca pare.

Carta de Sankirtana: Gostaria de nos contar alguma história especial que tenha acontecido enquanto distribuía livros?

Krishna Chandra Dasa: Vou contar duas histórias com duas lições importantes para o sankirtana: compaixão dos vaishnavas e causar uma boa impressão…

A compaixão de Tulasi Devi

Uma certa manhã de domingo, antes do mangala-arati, o prabhu Gauranga me disse que Tulasi Devi estava precisando de uma mesinha nova para puja, e que precisávamos coletar para isso. Isso ficou na minha cabeça o mangala-arati inteiro, e, durante o tulasi-puja, eu orei com grande sinceridade para Tulasi Devi para que eu pudesse servi-la e presenteá-la com uma mesa para puja.

Nessa época, eu só tinha quinze anos, e costumava sair a sankirtana com algum devoto sênior, porém nenhum devoto quis ir comigo naquele dia. Eu não me intimidei com isso. Eu estava determinado e decidi ir sozinho. Eu coloquei 50 livros dentro da caixa (minha média era de vinte livros por dia), e avisei ao prabhu Gauranga que estava saindo a sankirtana.

Foi mágico! Em menos de duas horas, Tulasi Devi distribuiu todos os livros e recebemos doações mais altas do que o normal. Quando eu voltei, o prabhu Gauranga abriu a porta e tirou um sarro, dizendo: “Voltou cedo! Ficou na mental?”, porém, depois de ver a caixa vazia e todo o lakshmi que precisava para a mesa, ele ficou perplexo. Desde então, Tulasi Devi tem uma afeição especial por mim. No Gurukula, as folhas de Tulasi sempre acabavam no meu prato sem que eu pedisse. O segredo é ter sinceridade.

Causando boa impressão

Uma vez, eu estava fazendo sankirtana no semáforo e, quando fui abordar um senhor, ele olhou para mim com uma cara fechada e, de um jeito áspero, ele disse: “Eu não quero esse negócio, não!” Como eu estava forte espiritualmente, não fiquei afetado, e com uma atitude humilde e respeitosa, abaixei a cabeça e me desculpei pelo incômodo. Continuei fazendo sankirtana e, depois de alguns minutos, vi uma mão se levantar de dentro de um carro… Era o mesmo senhor. Ele disse: “Eu dei a volta no quarteirão para vê-lo de novo, perdão… Eu gostaria de ficar com um livrinho…”

Nossa atitude no sankirtana é extremamente importante. Devemos sempre nos lembrar de que estamos ali para servir e glorificar Krishna e Seus devotos, e para isso devemos ser humildes, tolerantes, não esperar respeito a nós mesmos e dar todo respeito aos outros.

Carta de Sankirtana: Gostaria de dizer mais algumas palavras?

Krishna Chandra Dasa: Muito obrigado! E um pedido humilde aos sankirtaneiros: Por favor, leiam o livro sobre sankirtana de nosso querido irmão Chaitanya Chandra Prabhu. É muito inspirador e melhora a qualidade do nosso sankirtana.

Todas as glórias a Srila Prabhupada!

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