S.S. Mahavishnu Swami nasceu em 10 de Fevereiro de 1945 na Inglaterra.
Após formar-se com honras em Belas Artes, juntou-se à ISKCON em 1971 como
monge renunciante e recebeu iniciação de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta
Swami Prabhupada no mesmo ano. Desde a década de 70 tem dedicado-se a grupos
de distribuição de livros e pregação por todo o mundo. Entre outros serviços, viaja há
seis anos com o grupo de canto público Harinama Ruci, com o qual visitou o Brasil
pela segunda vez.

Carta de Sankirtana: Qual a importância da distribuição de livros?
S.S. Mahavishnu Swami: Uau, incrível! O ponto é… eu estava ouvindo uma conversa de
Prabhupada, e ele estava dizendo que esse movimento de Sankirtana, esse movimento
deve dar conhecimento. Esse é o ponto. Nós não podemos forçar as pessoas a tornaremse devotos. Você não pode forçar as pessoas. Mas podemos dar-lhes conhecimento.
Carta de Sankirtana: Poderia compartilhar algum passatempo que ocorreu enquanto
distribuía livros?
S.S. Mahavishnu Swami: Sim… Sabe, antes de eu me tornar Hare Krishna, rompi com
minha parceira. E fiquei com o coração partido. Então me tornei devoto. É claro, quando
me tornei Hare Krishna, eu não estava mais com o coração partido, mas com o coração
feliz. Eu estava triste antes, mas depois fiquei muito feliz. Então eu estava fora, distribuindo
livros e estava frio. Isso foi na rua Oxford, uma das ruas mais movimentadas do mundo.
Eu estava ficando sob uma loja, com roupa de brahmacari, e estava chovendo. Estava
chovendo! Então essa garota se aproximou de mim, junto de sua mãe. E sua mãe era era minha parceira! Ela me olhava pensando “ó, esse pobre rapaz, ele se tornou monge!”
Tipo… “que coisa mais terrível!”. Ela era uma mulher rica, tinha um apartamento grande e
havia se tornado a esposa de um grande arquiteto na Austrália. Então dei a ela uma cópia do
Ensinamentos do Senhor Chaitanya. Ela me deu uma grande doação.
Então pensei: “bem, os livros de Prabhupada vão explicar tudo a ela, e talvez o farão à
sua filha também.” Então é muito bom que ela tenha vindo e me reconheceu. Eu não a reconheci,
mas ela me reconheceu. Então eu dei a ela aquele livro, a misericórdia de Prabhupada.
Carta de Sankirtana: O senhor pensa que harinamas ajudam a distribuir livros?
S.S. Mahavishnu Swami: Isso é o que tenho dito. A primeira pergunta que você fez.
Prabhupada estava dizendo: você não pode forçar as pessoas a tornarem-se devotos,
mas pode dar-lhes conhecimento, e Prabhupada estava explicando que, de um jeito ou
de outro, faça-os cantar Hare Krishna! Se eles apenas ouvirem Hare Krishna, então “ceto
darpana marjanam…” Essa é a mãe da educação: os Santos Nomes. O Santo Nome purifica
o coração deles, essa é a riqueza suprema da humanidade, e os livros são parte disso.
Isvara Puri disse a seu discípulo, o Senhor Chaitanya: “naca, gao, bhakta-sange kara
sankirtana/ krsna-nama upadesi’ tara’ sarva-jana” (CC adi, 7.92). Naca gao: dance e cante.
Bhakta Sange: na associação dos devotos. Kara Sankirtan: execute esse sankirtana, tudo
junto, esse Sankirtana. Krishnanama upadesi: dê-lhes instruções sobre os Santos Nomes.
Então é tudo um grande pacote! Você não pode dar o Nome sem dar os livros e os
livros sem os Nomes. Em meu entendimento, é isso que a ISKCON tem feito. Há a BBT,
kirtan, prasadam, tudo. Então esse é o pacote. Você não pode ter um sem ter o outro.
Esse é meu entendimento. Prabhupada explica em seus livros por que cantamos Hare
Krishna, o propósito de cantar Hare Krishna, o que são os Santos Nomes, tudo. Então se
conseguimos que as pessoas cantem Hare Krishna, isso é a perfeição. E tudo irá seguir.

Carta de Sankirtana: Quais atitudes devemos ter para incentivar a distribuição de livros?
S.S. Mahavishnu Swami: O Santo Nome e o movimento de Sankirtana continuarão vivos se
seguirmos o que Prabhupada disse: trnad api sunicena taror eva sahisnuna amanina manadena
kirtaniyah sada harih, alguém deve cantar o Santo Nome do Senhor (ou fazer Sankirtana) com
um estado de espírito humilde, sendo mais tolerante que uma árvore e mais humilde que a palha
na rua. Há uma grande mridanga e uma pequena mridanga. Os livros são a grande mridanga
e os Santos Nomes a pequena mridanga, mas ambos são os Santos Nomes, e a instrução é
trnad api sunicena. Deve-se ter um estado de espírito humilde e pensar de si mesmo como
inferior à palha na rua. Prabhupada deu o exemplo de Prabhodananda Sarasvati: “com uma
palha na boca”. Palha na boca é um sinal de humildade na cultura védica. Assim: “estou a seus
pés, eu não sou nada, não sou ninguém. E você é uma grande personalidade, você tem muito
conhecimento, é bonito, tudo. Mas estou lhe implorando, por favor, senhor, você é uma pessoa
incrível, por favor, esqueça tudo o que aprendeu até agora e tente entender os ensinamentos
do Senhor Chaitanya”. Isso é o que Prabhodananda Sarasvati disse, e Prabhupada repetiu
muitas vezes. Muito humilde, com a palha na boca.
Então também não podemos forçar as pessoas a levarem os livros. Você pode ser um
grande vendedor, mas não irá funcionar. Mas eles são atraídos por nossa humildade e pureza.
Essas são nossas armas. Trnad api sunicena. Dar todo o respeito aos outros. Dar respeito
às pessoas. Mesmo que eles sejam completamente tolos patifes, mas lhes damos todo o
respeito. “você é uma ótima pessoa, você pode estar bêbado, ser um grande patife, pode até
estar comendo carne, qualquer coisa. Mas você é ótimo a meus olhos. Por favor, aceite esse
livro! Por favor, esqueça tudo o que aprendeu até agora e pegue esse livro!”. Então devemos
ser humildes, Prabhupada enfatizou isso muitas vezes.
Carta de Sankirtana: Por favor, explique seu ponto de vista para “Os livros são a base”.
S.S. Mahavishnu Swami: Prabhupada disse: “Sadhu sastra, guru vakya, tinete kariya
aikya” Então shastra é o centro. Sadhu é alguém que segue as escrituras, e guru também
está seguindo e ensinando as escrituras. Então temos as escrituras. Prabhupada nos deu
as escrituras: Bhagavad-Gita, Srimad Bhagavatam, Caitanya Caritamrta, Néctar da Devoção,
todos esses livros são escrituras. E Prabhupada disse que qualquer um que mantenha esses
livros em suas casas, eles têm o Senhor em suas casas. E há tantas histórias incríveis sobre

Sempre me lembro de uma história sobre eles. Havia um grande devoto, Yadunandana,
na Dinamarca. Ele me contou como ele entrou para o Movimento. Ele estava passando pelos
seus 14 ou 15 anos, sabe… aquela idade em que alguém enlouquece, ele estava fazendo todo
o tipo de absurdos. Mas uma coisa ele fazia. Naquela época, havia uma rádio Hare Krishna na
Dinamarca. Então ele costumava escutar àquela radio Hare Krishna.
Antes, quando ele tinha onze anos, foi com seu pai para Londres e foi a uma exibição
chamada “estátutas de cera da madame Tussauds”. E esses trabalhos de cera, eles têm
todo o tipo de figuras. Kennedy, Hitler, Marilyn Monroe (ri) e eles parecem absolutamente
reais. Então eles [Yadunanda criança e seu pai] estavam fora, na fila. Ele não sabia nada, era
um bom garoto naquela época. Então, um distribuidor de livros, uma mataji, estava indo ao
longo da fila, vendendo livros, e vendeu a seu pai um Isopanisad! E porque ela era uma boa
distribuidora, ele não queria levar, mas ela era muito boa, com um rosto belo, tudo. Então eles
levaram o livro para a Dinamarca, e o garoto foi se degradando conforme os anos passaram,
mas ele ainda tinha o bom hábito de ouvir à radio Hare Krishna.
Então, uma noite, ele estava tão deprimido, ele queria cometer suicídio. Ele pensava:
“sou inútil, minha vida é inútil, não sei porque estou vivo, qual o propósito da vida, isso é tudo
uma perda de tempo, ninguém me entende!”. Ele estava pensando assim e estava ouvindo
“Hare Krishna, Hare Krishna…” e então de repente: “Aquele livro! Aquele livro que aquela
mulher deu a meu pai seis ou sete anos atrás! Está na prateleira de livros!” Então ele desceu
e encontrou o livro. Ninguém havia lido o livro. Então ele pegou-o e decidiu lê-lo. Tudo foi
explicado: o propósito da vida, quem sou eu, tudo. Então ele pensou: “vou morar no templo!”.
Ele encontrou os devotos e após alguns dias voltou para a casa de seu pai, com cabeça
raspada, dhoti, tudo. Então o pai disse: “o que aconteceu com você?” [garoto] “Bem, eu sou
um Hare Krishna!” “O que aconteceu com seu cabelo? Por que você fez isso?” [garoto] “Pai, é
aquele livro que você me deu”. Então ele deu o livro a seu pai, o pai leu, mas era tarde demais
para ele. Bela história, não?

Categorias: Entrevistas