A cada ano que passa (anandanbudhi vardhanam) mais se saboreia o néctar do Sankirtana, o cantar dos Santos Nomes e sobretudo a distribuição dos livros de Krishna “o prazer pelo qual sempre ansiamos”. É importante entender que no transcurso do tempo, os amantes dessa prática, mesmo a curto prazo, já conseguem provar de seus frutos, colhendo os bons resultados da bemaventurança transcendental, e que se deve fazer todo esforço possível para manter a terra fértil para as gerações futuras. Entretanto, existem intempéries dadas pela própria energia material (mama mãya duratyayã) que o devoto, necessariamente, tem de suplantar.

Como toda entidade viva presente neste mundo material, os devotos também enfrentam os distúrbios causados pelos semideuses – adhidaivika, chuvas excessivas, muito calor, etc.; as chamadas adhibhautikas, nas quais os distribuidores de livros têm de abordar
pessoas desfavoráveis; além de distúrbios psicológicos presentes nesta era atual, as misérias adhyatmika. Às vezes os devotos, ávidos de seus propósitos, põem-se em risco diante de argumentadores fanáticos, céticos, obcecados por seus respectivos estilos de vida e valores.

Contudo, Srila Prabhupada nos instrui com as seguintes palavras: “A ciência nos mostra que aprender um assunto seriamente é diferente dos sentimentos fanáticos” (Srimad-Bhãgavatam 2.5.53 sig) “Sua posição é de primeira classe, mas você tem de mantê-la, senão eles dirão: Fanáticos religiosos”. “O mundo todo está cheio de fanáticos e de classes de homens ateístas, por isso às vezes temos de enfrentar dificuldades”. “Existem alguns fanáticos religiosos, mas eles não entendem o que é religião”. (O Néctar da Distribuição de Livros, p. 76, notas de rodapé). Nesse sentido, a atuação dos devotos em sankirtana nas ruas, não se confunde com o fanatismo, pois ao enfrentar situações perturbadoras eles se aprofundam no processo da bhakti yoga, na medida em que este serviço aprimora os adornos da vida de um “sadhu” como descreve o Senhor Kapila no S.B. 3.25.2: a tolerância, a misericórdia, a amizade com as entidades vivas, sem obter inimigos, sendo pacífico e de modo sublime.

O Senhor Caitanya Mahaprabhu também foi desaprovado em razão de seu culto, seja pelos devotos impersonalistas ou mesmo pelo governo mulçumano do rei Kazi, mantendo-se sempre firme em sua mobilização de ações de pregação. Sendo Ele considerado o primeiro a organizar um ato de desobediência civil. Diante dos devotos sankirtaneiros, ninguém deve se sentir especial ou sem qualidades, mas entender que tal estratégia é a que mais agrada a Sri Krishna Caitanya. Por isso devemos estabelecer boas relações com este movimento, pois ele fomenta o cultivo para que os valores e a tradição da distribuição dos Santos Nomes pelas ruas, como
foi inaugurado pelo Senhor Gauranga, o avatar dourado, em Nava Dvipa, permaneça vivo em nossos corações. Mais tarde, este movimento foi conduzido com muita maestria por Srila Prabhupada na sua vinda ao ocidente.

Prabhupada usou com inteligência (yukta vairagya) as facilidades ocidentais com a única preocupação e objetivo de atrair as pessoas para a consciência de Krishna, nas circunstâncias mais variadas possíveis, usando da utilidade como o princípio. Entendendo e aperfeiçoando todos os elementos contidos na natureza de modo a cumprirem com seus propósitos sendo bem utilizados ao serviço do Senhor Krishna. Prabhupada deu todas as facilidades para esse entendimento, por meio de seus livros, enquanto tirava proveito dos avanços tecnológicos ocidentais a serviço do aprimoramento do avanço espiritual. Impulsionado pelas instruções de Bhaktisiddhanta e sempre atento a influência do tempo e do lugar, como fez Bhaktisiddhanta Sarasvati Takhur ao adquirir uma máquina de impressão de livros no início do século passado.

Nos dias atuais percebe-se o potencial das redes sociais para incrementar as diferentes formas de serviços, cabendo aos devotos fazer o melhor uso possível dessas ferramentas. Prabhupada observava que a relação entre o mundo ocidental e a Índia como a relação entre um cego e um aleijado. O ocidente é comparado ao cego, que apesar de sua boa constituição física carece de visão espiritual, enquanto o Oriente é comparado ao aleijado que mesmo provido de boa visão é carente de um corpo econômico farto e saudável. Sendo necessária a união entre os dois para que ambos se satisfaçam, um com sua visão espiritual e o outro com sua pujança material. “Prthivite ãche yata grãma sarvata pracãra haibe mora nãma”: “Em todas
as cidades e aldeias, o cantar de Meu nome será ouvido.” Seguindo seus passos, estamos tentando difundir Sua mensagem no mundo todo. Por Sua misericórdia, as pessoas estão levando este movimento muito a sério. Na verdade distribuímos nossos livros em grandes quantidades e com ótima aceitação nos países ocidentais, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Mesmo as ordens eclesiásticas desses países estão apreciando o valor deste movimento da consciência de Krishna e estão prontas a unirem-se para o benefício máximo da sociedade humana.

Portanto os seguidores de Sri Caitanya Mahaprabhu devem levar a sério este movimento e difundi-lo mundo a fora, de aldeia em aldeia e de cidade em cidade, assim como o fez o próprio Sri Caitanya Mahaprabhu (Néctar da distribuição de Livros p. 84, fontes de inspiração). Assim sendo, o devoto ao sair a Sankirtan deve ter em mente as interpéries da natureza material como um impulso para seu crescimento espiritual utilizando adequadamente os elementos materiais para a difusão do movimento de Sri Caitanya Mahaprabhu. Valendo-se da frase constantemente enfatizada por Srila Prabhupada: “Por favor, imprimam e distribuam meus livros para a satisfação de meu mestre espiritual”.

Por Boddhana Tattva Dasa